Quatro Evangelhos

O termo “Quatro Evangelhos” refere-se aos quatro relatos distintos sobre a vida, ministério, morte e ressurreição de Jesus Cristo que estão presentes no Novo Testamento da Bíblia cristã. Esses relatos são atribuídos a quatro autores diferentes: Mateus, Marcos, Lucas e João. Cada um desses textos oferece uma perspectiva única sobre a história de Jesus, refletindo as intenções teológicas e os contextos históricos de seus autores. Vamos explorar cada um deles em detalhes:

1. Evangelho de Mateus

Autor: Tradicionalmente atribuído ao apóstolo Mateus, também conhecido como Levi, um dos doze discípulos de Jesus.
Data: Estimada entre 80 e 90 d.C.
Público-alvo: Judeus cristãos ou comunidades com forte influência judaica.
Características:
- Mateus enfatiza o cumprimento das profecias do Antigo Testamento, apresentando Jesus como o Messias prometido.
- Inclui o Sermão da Montanha (capítulos 5-7), que contém ensinamentos éticos e morais profundos.
- Organiza o ensino de Jesus em cinco grandes discursos, possivelmente refletindo a estrutura do Pentateuco (os cinco livros de Moisés).
- Dá grande atenção ao Reino dos Céus e à ética do discipulado.

2. Evangelho de Marcos

Autor: Tradicionalmente atribuído a João Marcos, um companheiro de Pedro e Paulo.
Data: Estimada entre 65 e 75 d.C., sendo considerado o mais antigo dos quatro evangelhos.
Público-alvo: Cristãos gentios, especialmente romanos.
Características:
- Marcos é o mais curto e direto dos evangelhos, com uma narrativa rápida e cheia de ação.
- Foca na humanidade de Jesus, destacando seus milagres e sofrimentos.
- O tema central é o “segredo messiânico”, onde Jesus frequentemente pede que seus milagres não sejam divulgados.
- Termina abruptamente com a descoberta do túmulo vazio, sem relatos detalhados das aparições pós-ressurreição (em alguns manuscritos mais antigos).

3. Evangelho de Lucas

Autor: Atribuído a Lucas, um médico e companheiro de Paulo, que também escreveu o livro de Atos dos Apóstolos.
Data: Estimada entre 80 e 90 d.C.
Público-alvo: Cristãos gentios, especialmente de origem grega.
Características:
- Lucas é conhecido por sua atenção aos detalhes históricos e sociais, bem como por sua sensibilidade para com os marginalizados (pobres, mulheres, samaritanos).
- Inclui parábolas únicas, como a do Bom Samaritano e a do Filho Pródigo.
- Dá ênfase ao Espírito Santo e à oração.
- Apresenta Jesus como o Salvador universal, cuja mensagem é destinada a todos os povos.

4. Evangelho de João

Autor: Tradicionalmente atribuído ao apóstolo João, filho de Zebedeu.
Data: Estimada entre 90 e 110 d.C.
Público-alvo: Comunidades cristãs mais maduras, com um enfoque teológico profundo.
Características:
- João difere significativamente dos evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) em estilo e conteúdo.
- Apresenta Jesus como o “Logos” (Verbo) divino, enfatizando sua natureza eterna e divina.
- Inclui longos discursos teológicos, como o diálogo com Nicodemos e o discurso do Pão da Vida.
- Foca em sete milagres (chamados de “sinais”) que revelam a glória de Jesus.
- Tem um forte enfoque na relação entre Jesus e o Pai, bem como no amor e na unidade dos discípulos.

Significado Teológico e Histórico

Os Quatro Evangelhos, embora distintos em estilo e ênfase, complementam-se para fornecer uma visão multifacetada de Jesus Cristo. Eles não são apenas biografias, mas também testemunhos de fé, escritos para fortalecer a crença das comunidades cristãs primitivas e proclamar a Boa Nova (o significado literal de “evangelho”) da salvação através de Jesus.

Sinóticos: Mateus, Marcos e Lucas são chamados de “evangelhos sinóticos” porque compartilham uma visão semelhante da vida de Jesus, com muitas histórias e ensinamentos em comum.
João: O Evangelho de João, por outro lado, oferece uma perspectiva mais teológica e simbólica, enfatizando a divindade de Jesus e seu papel na salvação da humanidade.

Juntos, os Quatro Evangelhos formam o núcleo da narrativa cristã sobre Jesus, servindo como fundamento para a teologia, a liturgia e a espiritualidade cristãs ao longo dos séculos.